'Já estava velando ele no hospital', diz irmã de homem que morreu por intoxicação por metanol em Jundiaí
Hospital São Vicente de Jundiaí (SP) Divulgação/Prefeitura de Jundiaí A irmã do homem de 37 anos que morreu por intoxicação por metanol, em Jundiaí (SP...

Hospital São Vicente de Jundiaí (SP) Divulgação/Prefeitura de Jundiaí A irmã do homem de 37 anos que morreu por intoxicação por metanol, em Jundiaí (SP) disse que a condição do irmão era tão grave que todos da família já estavam esperando o pior. O paciente ficou internado no Hospital de Caridade São Vicente de Paulo de 3 a 14 de outubro. A mulher, que preferiu não se identificar, contou ao g1 que o irmão sempre teve problemas com o alcoolismo, porém o caçula da família era uma pessoa boa e que será lembrado pelo bom humor. "Apesar do vício, que atrapalhava bastante, ele (irmão) era uma pessoa boa, alegre. Tem um filhinho de cinco anos. Apesar do vício, a gente se reunia e se divertia bastante", disse. 📲 Participe do canal do g1 Sorocaba e Jundiaí no WhatsApp A família dele informou que o homem havia ingerido bebida alcoólica antes de apresentar os sintomas, mas não sabem dizer onde ou o que foi ingerido. Ele foi encontrado em casa em estado crítico e precisou ser socorrido e entubado ainda na ambulância. Durante os dias de internação, o paciente chegou a ser tratado com etanol, que pode agir como um antídoto apesar de também ser uma substância tóxica. Porém, o homem sofreu diversas convulsões, perdeu parte da visão e não estava reagindo aos medicamentos, sofrendo morte encefálica, segundo a família. O homem morreu na terça-feira (14), quando suas duas irmãs mais velhas estavam lhe visitando no hospital. "A gente já estava velando ele no hospital, né? E eu falei para ele: 'Cê quer descansar? Pode descansar que eu vou ficar com você até você partir', e ele me ouviu. Ele foi ficando amarelo, amarelo e eu falei para a médica e para a minha irmã: 'Eu acho que ele está partindo'. (...) Eu era muito próxima dele, eu fazia tudo por ele, prometi para minha mãe e para o meu pai que cuidaria dele", lembrou a irmã. "Ele partiu na minha frente depois de todos esses dias. Deus deu esse tempo para que a gente se acostumasse com a situação, pudesse digerir", acrescentou. A intoxicação por metanol foi confirmada pelo Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) de Campinas e, segundo o hospital, foi informada ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e à Vigilância Sanitária de Jundiaí. Ainda conforme os familiares, o velório e o sepultamento do corpo ocorreram no Cemitério Parque dos Ipês, em Jundiaí, na tarde de quarta-feira (15). "O coração dele continuou batendo por sete dias, ele era forte. Mas aí o diagnóstico saiu e foi comprovado o envenenamento por metanol. Isso é terrível, é uma situação difícil, mas que possa ficar de alerta para as pessoas", encerrou a irmã. Em nota, a prefeitura informou que mantém as ações de fiscalização preventiva em estabelecimentos que comercializam bebidas, para garantir a segurança dos consumidores e prevenir riscos à saúde. "Até o momento, não foram identificadas irregularidades relacionadas às bebidas comercializadas nas inspeções realizadas. Acerca de casos de intoxicação por metanol, Jundiaí, até a manhã desta segunda-feira (6), permanece com o registro de um caso positivo para intoxicação pela substância", informou. Na região de Sorocaba (SP) há um caso suspeito de intoxicação por bebida alcoólica adulterada com metanol. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), a vítima teria ingerido a bebida em um estabelecimento de Itu (SP). O caso é investigado pelo 2º Distrito Policial de São Bernardo do Campo. 'Batismo' de bebidas Falsificadores pegam as garrafas de marcas famosas de bebidas alcoólicas, como gin e vodca, e adulteram o conteúdo. Em seguida, o produto é comercializado. O metanol é uma substância altamente inflamável, tóxica e de difícil identificação. A ingestão, inalação ou até mesmo o contato prolongado com metanol pode causar náusea, tontura, convulsões, cegueira e até a morte. Sintomas Os sintomas de alerta costumam aparecer entre 10 e 12 horas após a ingestão, mas podem surgir em até 48 horas após o consumo. Se o diagnóstico correto e o atendimento adequado não forem feitos rapidamente, a mortalidade pode ser superior a 50%. Se o socorro for rápido, a mortalidade pode ser de menos de 10%, explica a médica intensivista, emergencista e presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, Patrícia Mello. Entre os sintomas iniciais da intoxicação por metanol estão: Dor de cabeça intensa; Alterações de consciência; Náusea; Dor abdominal; Vômito; Vertigem; Sintomas visuais como a visão borrada, fotofobia, escotoma (ponto cego ou mancha escura) e até a perda súbita da visão também podem ocorrer. Se a ingestão for muito intensa e muito rápida, o indivíduo pode evoluir rapidamente para um coma. Se o paciente tiver histórico de ingestão de bebida ou de alguma fonte duvidosa de algum líquido, deve relatar, para que o médico suspeite da intoxicação. O que acontece no corpo nas primeiras 12, 24 e 48 horas após beber metanol Veja mais notícias da região no g1 Sorocaba e Jundiaí VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM